quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Músico, seja esperto. Parte 01



É assim que acontece quando se quer aparecer.

Um comportamento que prejudica o mercado musical, impede o aparecimento de mais artistas/projetos, congela a circulação do dinheiro.

Não é culpa somente do músico, contratantes também querem lucrar e acabam agindo de forma irresponsável fechando negócios que favorece apenas o seu lado. ( o lado do contratante).

Desde então, o mercado musical está congelado. Em 2007/2008 a média do cachê girava em torno de R$100 a R$150 (nos bares classe A). Bares classe -C não girava, ou R$50 ou bebida ou um "toca pra caralho". Quem já tocou neste tipo de bar sabe como é a dificuldade.

COUVERT ARTÍSTICO

Há propostas de leis na câmara dos deputados para regulamentar o couvert repassando 100% ao músico.

Mas mesmo que haja lei ela será descumprida pois já está sendo descumprida há muito tempo porque os músicos são obrigados a participar desse modelo de negócio que prejudica a classe. 

Vejamos uma situação que é bem recorrente: 

Fecho com o bar couvert. É um risco alto caso o bar não tenha fluxo de cliente. Se o bar é morto você perdeu. Se o fluxo for médio já é bom e provavelmente sairei com 100% do couvert. 

Provavelmente. Porque não sei se o contratante está sendo honesto comigo. Não sei quantas pessoas estavam presentes no bar e não sei quantas pessoas pagaram couvert. Isso fica difícil na hora de fechar a conta.

É O SEU NEGÓCIO. LUTE POR ELE.
Repare que sublinhei essas palavras NÃO SEI. NÃO SEI QUANTAS. Vamos lá.

É preciso uma solução para esse problema. Como posso controlar o meu couvert independente da contagem do bar?

Essa pergunta nos levará a uma solução. E qual é? Tome providência. Não espere pelos outros. Não tenha vergonha de controlar o seu negócio.

Você está prestando um serviço e quer ser pago por ele. As vezes é negociado um valor e na hora do pagamento vem outro valor acompanhado de desculpas: "Poxa, não deu", "vou te pagar na quinta-feira porque os pagamentos foram feitos no cartão."

Quando a vigarice do contratante fala alto, você não recebe nunca e também não toca nunca mais no bar. Muito cuidado.

E é por essas e outras que sou a favor de trabalhar com contratos. Contratos de apresentação. Inicia no fechamento da negociação e termina no pagamento do cachê. Dentro dele contém o tempo de apresentação: 2 horas, 3 horas com intervalo de 15 minutos, etc. Fornecimento de água mineral, entre outros detalhes. As vezes tem peças de instrumento, microfone, fonte de energia, etc.

Um contrato estabelece o que tem que acontecer. Como, quando, onde, quanto.
Por exemplo: Liguei pro Xicão, dono do Xico's Bar e fechamos uma data, sábado, dia x. Ele me pediu 2 horas de show. Ok. Pedi para ele fornecer água mineral grátis para os músicos durante a apresentação. A cerveja é opção dele. 

Tem bar que joga umas geladas, mas não é obrigatório. Então, ele garantiu um balde de cerveja. 01 (um), somente um balde. Vem 10 garrafas de Bud. Somente. Não é pra embebedar, até porque é TRABALHO. Pense nisso. Somos 4 pessoas que brigarão por 2 garrafas. Certo? Pra mim isso já é um belo agrado.

Combinamos um cachê, fixo, porque nesse sábado o bar tem alto fluxo de clientes que gira em torno de 500 pessoas entre as 22 até 03 horas. Ponto.  
Se fosse por couvert, digamos que na hora da nossa apresentação, 200 pessoas estavam curtindo a banda entre 23 até 01 da manhã ao preço de 15 reais.

(200x15=3000)

Minha banda sairia sorrindo do Xico'sBar com 750 reais em cada bolso. Lembrando que o bar NÃO TEM DESPESA COM BANDA/MÚSICO. NÃO SAI DO CAIXA DO BAR. O couvert é pago diretamente pelo cliente. Mas o bar morde uma parte dessa renda.

"Ah, mas a banda bebeu água de graça"

No mínimo deve oferecer uma água pra rapaziada, certo?

O pedreiro vai tua casa tapar um buraco e vc não vai oferecer uma água pro cara? E ainda quer cobrar? Serviço, porra.

Voltando ao exemplo;

Fechei com o Xico'sBar, 1200 reais, por 2 horas de show. O dia chegou. Chegamos na hora combinada, montamos o equipamento, passamos o som e executamos o serviço. No final, o pagamento foi feito. Recibo assinado. Dinheiro dividido e cada um foi pra sua casa com 300 real no bolso. Fim.

Veja a diferença. 3000 para 1200 - 750 para 300. Ainda é um bom dinheiro.

Essas duas histórias são utópicas. A realidade está longe e congelada. Até hoje o cachê pago pra uma banda gira em torno de R$400, R$600. Dependendo do porte do negócio, da honestidade do contratante, do fluxo de clientes, enfim, muitos fatores que mantém os R$100 por músico desde 2008. São dez anos de desvalorização. Cem reais eu recebia em 2008 e até hoje está assim. 

GRAÇAS À...?

Graças a pessoas que gostam de encher agenda abaixando o preço do serviço, desvalorizando o mercado e (mal) acostumando os contratantes a tratar a classe nesse nível. Ou seja, se você quiser fazer uma revolução, QUEM TOMA NO CU É VOCÊ E SUA BANDA, enquanto que outras ficam na espreita esperando alguém pular do barco. São como URUBUS rodeando carniça.

Minha conclusão é:

Os próprios músicos que visam estar no auge da agenda, da carreira, do sucesso, do "trabalho", acabam decidindo o futuro da classe musical diante do mercado totalmente amplo, abraçando, como se fosse uma criança que recolhe todos os brinquedos para que nenhuma outra brinque. Sendo que o brinquedo não é só seu. Sucesso esse que não existe pois não há vida própria e sim apropriação da vida alheia. Não há palavras próprias e sim repetições ditas por outras pessoas. Inspirar não é imitar.
Então parem com isso. Unir é o único modo de expandir os benefícios a todos que estão nesse mundo musical. Não podemos permitir que uns poucos determinem o limite.


* Continua...aguardem.

referência da imagem
https://www.facebook.com/clinicamusical/photos/a.420642587952968/2843930405624162/?type=3&theater

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