-Fechou o show?
-Não!
-Que houve? Ah
saquei!
-Pois é.
- E nem tem como
negociar, né?
-Já tentei! Eles
alegam muitas coisas e nem sei se existe isso.
-Quanto fechou?
-400!
-400?
-???. Sim, ou isso
ou tem outra banda na fila. Pegar ou largar.
-Aí tem aquela.
No final da história vai encher de gente e perdemos em quantidade.
-Vamos lá. É o
que temos!
Mera ficção. Que
pode ser um pedaço da realidade. Alguém vai se identificar nesse dialogo.
No mercado
musical local é muita competitividade. Temos bandas pra todos os gostos. Bandas
que deveriam estar sendo reconhecidas pelo trabalho cultural da nossa cidade.
Hoje as coisas estão desvalorizadas, desestruturadas. Não há o respeito pela profissão.
Oferecem ninharia e ainda obriga a banda a convidar as pessoas para o
estabelecimento, trabalhando para empresa, pois trabalha para o empresário.
Cachês. O meio
de vida do músico. Valor. Percepção do cliente. É um tema simples pra um e
complexo pra outros, que contribui para a valorização do prestador da alegria.
Ganhar dinheiro pra sobreviver. O que se gasta fazendo. Como chegar lá. Vou expor
o que vi no meio disso tudo. O porque que o foco no dinheiro é o mais visado e
suas conseqüências passam despercebidas.
Através de observação
e analise do cenário musical local é possível enxergar lacunas. O modelo é
conceitual.
O modo normal de
negociação é a venda direta. Fecha-se o cachê ou usa outra estratégia: lista de convidados. Há vantagens e
desvantagens pelos dois lados. Quando você fecha o cachê, já garante o direito
de receber aquele valor. A desvantagem para a banda é que se a casa cobra 15
reais na entrada e dentro da casa passou 300 pessoas em 4 horas temos 4,500 no
caixa de entrada. Com esse valor a banda pode receber 1,000 e a casa fica com
500, com 4 bandas, 2 em cada dia. Com essa informação, não há ninguém que
perceba isso? Mas se a sua banda ta bem obrigado, ok. Mas se você gosta de
tocar por 200 reais e o resto em bebida ou tocar por bebida, tudo bem. Cada
qual é o seu cada qual. O que não podemos esquecer é que algumas negociações acabam
enfraquecendo a arte, desvalorizando e prejudicando aqueles que tem mais a
perder com isso, que é a maioria.
Numa visão ampla
um dia paga o outro e assim por diante. Pelo lado da empresa. Assim valoriza-se
a cena, organiza as bandas (obrigatório), e o nível de criação aumenta e junto
disso o crescimento da empresa, que acaba conhecendo mais profundamente essa área
e que futuramente poderá ser incorporado a uma estrutura.
Não vale ganhar o jogo fragilizando o lado oposto. É um equilíbrio. Uma hora a economia diminui e o equilíbrio faz com que todos ganhem e atravessem a crise juntos, no mercado.
Outra questão é
que a banda acaba virando um funcionário fazendo as obrigações da empresa. Recomendável
por tudo a termo, numa espécie de contrato por tempo determinado. Cabe aí uma
negociação pois a empresa e a banda podem trocar alguns serviços. Pode se
elaborar a publicidade e repassar para a banda divulgar também. Mas não deixa
de obrigar a empresa de fazer o seu papel.
Falta muito pra
ficar bacana e ter oportunidades e fomentação de recursos artísticos.
* Estava afim
de escrever sobre esse assunto. Ainda vou me organizar melhor pra tecer comentários
sobre esse tema.