terça-feira, 26 de maio de 2015

RASPANDO NO TEMA - Shows

-Fechou o show?
-Não!
-Que houve? Ah saquei!
-Pois é.
- E nem tem como negociar, né?
-Já tentei! Eles alegam muitas coisas e nem sei se existe isso.
-Quanto fechou?
-400!
-400?
-???. Sim, ou isso ou tem outra banda na fila. Pegar ou largar.
-Aí tem aquela. No final da história vai encher de gente e perdemos em quantidade.
-Vamos lá. É o que temos!


Mera ficção. Que pode ser um pedaço da realidade. Alguém vai se identificar nesse dialogo.
No mercado musical local é muita competitividade. Temos bandas pra todos os gostos. Bandas que deveriam estar sendo reconhecidas pelo trabalho cultural da nossa cidade. Hoje as coisas estão desvalorizadas, desestruturadas. Não há o respeito pela profissão. Oferecem ninharia e ainda obriga a banda a convidar as pessoas para o estabelecimento, trabalhando para empresa, pois trabalha para o empresário.


Cachês. O meio de vida do músico. Valor. Percepção do cliente. É um tema simples pra um e complexo pra outros, que contribui para a valorização do prestador da alegria. Ganhar dinheiro pra sobreviver. O que se gasta fazendo. Como chegar lá. Vou expor o que vi no meio disso tudo. O porque que o foco no dinheiro é o mais visado e suas conseqüências passam despercebidas.

Através de observação e analise do cenário musical local é possível enxergar lacunas. O modelo é conceitual.
O modo normal de negociação é a venda direta. Fecha-se o cachê ou usa outra estratégia:  lista de convidados. Há vantagens e desvantagens pelos dois lados. Quando você fecha o cachê, já garante o direito de receber aquele valor. A desvantagem para a banda é que se a casa cobra 15 reais na entrada e dentro da casa passou 300 pessoas em 4 horas temos 4,500 no caixa de entrada. Com esse valor a banda pode receber 1,000 e a casa fica com 500, com 4 bandas, 2 em cada dia. Com essa informação, não há ninguém que perceba isso? Mas se a sua banda ta bem obrigado, ok. Mas se você gosta de tocar por 200 reais e o resto em bebida ou tocar por bebida, tudo bem. Cada qual é o seu cada qual. O que não podemos esquecer é que algumas negociações acabam enfraquecendo a arte, desvalorizando e prejudicando aqueles que tem mais a perder com isso, que é a maioria.

Numa visão ampla um dia paga o outro e assim por diante. Pelo lado da empresa. Assim valoriza-se a cena, organiza as bandas (obrigatório), e o nível de criação aumenta e junto disso o crescimento da empresa, que acaba conhecendo mais profundamente essa área e que futuramente poderá ser incorporado a uma estrutura.

Não vale ganhar o jogo fragilizando o lado oposto. É um equilíbrio. Uma hora a economia diminui e o equilíbrio faz com que todos ganhem e atravessem a crise juntos, no mercado.

Outra questão é que a banda acaba virando um funcionário fazendo as obrigações da empresa. Recomendável por tudo a termo, numa espécie de contrato por tempo determinado. Cabe aí uma negociação pois a empresa e a banda podem trocar alguns serviços. Pode se elaborar a publicidade e repassar para a banda divulgar também. Mas não deixa de obrigar a empresa de fazer o seu papel.


Falta muito pra ficar bacana e ter oportunidades e fomentação de recursos artísticos.



* Estava afim de escrever sobre esse assunto. Ainda vou me organizar melhor pra tecer comentários sobre esse tema.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Voltamos à composição.

Para compor um show deve-se primeiramente planejar o evento. Qual o objetivo do show? Quanto cobrar? A quem oferecer? Quais musicas tocar e COMO tocar?

Agora o COMO tocar é o centro da questão.

Oquêi.....como tocaremos as musicas que escolhemos. Temos algumas opções válidas:

a-      Cover
b-     Versão de outro artista
c-      Jam Session


Eu gosto de trabalhar com Jam Session tendo como base a música original (cover) e as versões dos outros artistas. Até pra não correr o risco de fazer o cover do cover. Eu espero sempre que o publico quer ouvir as musicas, que elas escutam TODOS OS FINAIS DE SEMANA de uma forma diferente, mais pessoal, que seja divertida e que estimule a minha criatividade e no fim, todos saem sorrindo.


A música é uma reunião de sons e batidas que despertam um certo estimulo no ouvinte, seja ele positivo ou negativo. Ninguém vai dançar uma valsa como se fosse musica eletrônica ou vai banguear numa balada melada romântica. Vemos que na musica eletrônica os graves servem para estimular os batimentos cardíacos a fim de elevar o nível de adrenalina e outras inas no sangue, que vão pro cérebro e voltam e tu tis tu tis  tu tis tu tis, entendeu?
Então você precisa planejar o que vai fazer. Sei que é chato, mas é necessário. Você precisa controlar esses detalhes para ter tudo na sua mão. Após essas etapas ( e algumas outras que não descrevi aqui) Tomemos o proximo passo: Vender seu peixe.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Um ponto da vista cega na música

Comparando o mundo artístico profissional com o mundo amador é possível notar que há uma lacuna gigantesca no que se refere a produção e vou me concentrar na produção musical, até porque produzo musica. Lembrando que não sou famoso, não tenho disco de ouro e nem sou rico.

Uma questão que tenho pensado bastante e que surge quando estou diante de uma situação musical é: como fazer diferente. É claro que tenho as minhas influencias, meus vícios e etc, mas como fazer algo que não soe peculiar a tal artista. – ah, parece Engenheiros do Hawai, cara? – Não sei porque mas temos a tendência a copiar algo já pronto.

No mundo profissional o comportamento das pessoas que atuam para fazer acontecer é metódico, cientifico, prático e tem o objetivo final de alcançar um resultado pré-determinado. Vemos um filme pronto e este é o resultado do que o diretor imaginou. Todas as partes envolvidas nesse processo são técnicos preparados para o trabalho. Recebem os objetivos e vão em busca para alcançá-los.

O mundo amador existe amor, até um certo ponto da questão. O amador faz por amor não na sua total intensidade. Ele não quer ter total compromisso com sua arte. Ele pode querer apenas fazer musicas, tocá-las, divulgá-las, etc, não com o pensamento em fazer sucesso ou ser sucesso. O sucesso é uma loteria. Então neste mundo amador não existe técnica, não existe, planejamento, não existe a checagem e muito menos um objetivo sólido. Existe a intuição que pode ser bem desenvolvida ou escondida nos confins da mente do ser humano. É claro que tem aqueles que deram sorte, seja com “peixada”, seja com material excelente. Mas existem casos e casos.

Na musica não é diferente. É preciso criar algo pra depois lapidá-lo com eficiência. Já vi muitas composições saírem da cabeça e ir direto pro gravador. Outras são paridas para olharmos com mais cautela e tomar uma atitude em relação aos pequenos pedaços que ficam pairando na duvida. Compor uma música no banheiro e ao dar a descarga pensar que já tem um disco é um erro terrível. Todas as criações precisam passar por um pente fino. Decidir como será executada a introdução, a respiração, solos, contra-argumento, pergunta e resposta se houver. Há uma infinidade de situações a rever até chegar à definição final.

Lembro-me de uma situação onde estava a produção do show de uma banda. A banda era o Guns n  Roses. A banda que me fez entrar no mundo do rock n roll, lá pelos 1992. Assistia muito os vídeos e tal. Vi o show da Inglaterra, do Japão, da França. Anos se passaram e comecei a ensaiar compor musica, mas não sabia como começar. Daí vasculhando a memória, comecei a sacar que esses shows eram parecidos. – “Hum, então, lembro do Slash ir pra esse tablado na hora do solo de November Rain”, pensei. Uma vez vi num vídeo uma passagem de som do guns sem o Axl. Novamente comecei a intuir que tudo aquilo é um teatro. Todos tem suas posições, sua hora de aparecer e desaparecer, todos tem o seu papel a cumprir. E pra isso a musica tem que ser composta para que isso ou aquilo aconteça. Pegue os bastidores da turnê do Iron, por exemplo. Veja como são feito as coisas. Tudo tem um porquê. Tudo tem medida, tem temperatura, especificações técnicas. Ta tudo anotado, salvo no pc, projetado, ou seja, burocratizado. Porquê? Por que se surgir um problema eles vão na origem da situação levantar em que ponto aconteceu o erro e partindo dessa premissa, corrigir. (Como é essencial estudar administração e suas ferramentas) e no final, depois de muito trabalho, dá tudo certo e todos relaxam.


Participei de um evento, há muitos anos atrás, e vi como a falta de preparação prejudica todo o evento. Atrasos, falta de equipamentos, pessoas, ferramentas. Falta de profissionalismo na condução do evento desde a sua concepção até o pós show (devolução de equipamento, palco, pagamento de pessoal, bebidas, etc...)
Na hora de tocar você se depara com a falta de ponto de energia o que fica inviável ligar seus equipamentos. A falta de espaço também é um obstáculo. Imagine você não poder se mexer, ou porque o palco é pequeno, ou por ter muitas coisas espalhadas pelo chão. Toquei num evento onde o único local para me instalar era em cima de uma poça. Fiquei “chocado”. Muito bem.



...continua....