terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

OS LÍDERES


Acredito que fui um dos líderes da banda. Um comportamento de coletividade ajuda muito na hora de compor. Às vezes queremos compor sozinhos e “impor” a ideia. Vejo que o material fica muito a cara do músico, um só rosto. Na verdade quanto mais interferência coletiva melhor o resultado final, pois muitas ideias surgem da pratica e nesse caso cumpria meu papel adequadamente, compondo arranjos, escrevendo letras, arranjando bateria, teclado e as ideias experimentais como flauta, flauta pan, tambores e percussões. Não sentia a presença dos outros músicos, não do fato do Rafinha deixar claro que não participaria e só tocaria o que pedirmos. Foi então que me vi a frente do projeto. Da mesma forma sentia o Luis, que também tinha, e tem, interesse de trabalhar em projetos e tomou a frente pra contribuir. De fato nossa parceria pariu três musicas e podia dizer: - Nossa, nós compomos e sou pego pela música. Nunca havia tido uma sensação de utilidade pra esse planeta. Porque se você não percebe a música que te abraça como se sentirá diante da vida, que não é infinita?



Mas o objetivo não fora alcançado devido ao pouco tempo e maturidade. Tentamos fazer com que se desenvolvessem mais rápido orientando o caminho a se tomar. Difícil quando você se acha preparado para seguir sozinho e não consegue dar passos.



Pensando nisso e no fato de não ter mais um problema pra administrar, conseguimos gravar nossas autorais. Até questão pra registro, coisa que aprendi a tratar, o beneficio da autoria pertence a quem criou a composição desconsiderando arranjos de terceiros. Luis começou sagrada terra e minha parte foi os riffs antes do solo. Comecei sansara e o Luis compôs a base do solo, que teve uma pequena alteração. As composições devem ser misturadas de acordo com a ideia do grupo. Todos contribuem e decidem para o bem da música, da nossa musica. Daí concordamos em rachar a música. E assim as 3 musicas são de autoria de Luis e Carlos mas como estávamos no meio de amigos e, mesmo sabendo da frase: amigos amigos, negócios a parte, acreditava que daria certo e deu, depois não deu mais.



Surgia no ar aquela mutreta. Aquela duvida: - algo está acontecendo!



Impossível alguém que só deu um pio querer levar todo o credito. Até porque éramos compositores ativos, ou seja, compunha outros instrumentos. Hora um arranjo de teclado aqui, um andamento de bateria ali, um solo ali etc... acabaríamos compondo sozinhos. Minha impressão era de que só me entendia com o Luis porque conhecia a linguagem e outros instrumentos e também tocava e o contrario era com os rapazes. Parece que alguém não entendeu a matéria, mas quer fazer a prova de qualquer jeito.




Mas nem tudo acaba em merda. Depois que sai da banda fui fazer um outro trabalho que me ajudou muito e que aprendi muito também. Tentei manter o trabalho, mas infelizmente a outra parte não quis. Ou não entendeu e por isso não quis.



Enfim, por aqui acaba. No próximo post contarei a minha versão das dificuldades no caminho e que será o nome do tema. Dificuldade no caminho.



Até lá, quem quer que esteja lendo. Abraços.





Rafinha= Primeiro baixista da banda.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

AS REGRAS




Depois de impulsionar o barco chegava a hora de estabelecer os limites das nossas criações. Primeiro porque havia a necessidade de saber até que ponto podemos ir sem deixar o próximo distante demais para prosseguir e como cada um tem suas convicções ficou fácil abraçar pra quem estava afim de tocar o projeto pra frente.

Em um dos ensaios rolou mais conversa do que ensaio mesmo. Fomos falar sobre o que fazer pra fora do estúdio, qual seria o próximo passo. É importante ter uma visão clara dos passos. O que fazer quando algum programa de tv ou rádio chamar a banda. Se for tocar quanto de cachê se cobrará. Todos os cuidados para preservar nossos interesses.

Lembro da questão financeira ser debatida e percebi que era um assunto muito complexo pois mexia no bolso do povo. Aí que as antenas foram ligadas e tinha que dizer algo para não deixar os egos falarem mais alto (apesar do ego ter feito seu papel) de que o dinheiro é uma consequência do nosso trabalho.

Deveríamos nos ater a musica, a composição, a leitura de livros e conhecer quem vive desse meio. Como tudo na vida devemos primeiro cuidar da terra, regar, depositar a semente para colher depois de um tempo. Percebi que alguns abraçaram a ideia outros não deram opinião a respeito deixando um GAP.

Outra questão foi a implantação de gravações de ensaio no qual foi totalmente repudiado. O batera achava uma perda de tempo. Mas creio que deve ser desagradável ouvir a bosta que está fazendo. Pra quem não tem esse problema de autocrítica é tranquilo e contribui para o crescimento do musico. O bom é que depois do ensaio cada um poderia levar o ensaio pra casa para analisar os detalhes.

Esse foi o momento de formatar nossas ações e nossas ideias. No próximo bloco comentarei sobre o  processo de composição. Os segredos por trás das músicas e mais alguns detalhes. Até.


Quer saber o começo dessa bagaça? Clique aqui

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

PRIMEIROS ENSAIOS


Após uma semana depois da ligação aconteceu o primeiro ensaio. Cheguei ao estúdio em um domingo 9h, na hora combinada, entramos, conversamos e começamos a tocar. Primeiro tocamos covers na tentativa de conhecer o gosto de cada um e depois de umas 2 horas começamos os trabalhos.


Diante da ideia de compor heavy metal com temática regional expomos nossas ideias e iniciamos com uma ideia que tive durante a semana de brainstorm, na minha casa. A musica se chamaria Sansara e o riff foi inspirado na batida do boi bumbá que consiste em “riffar” a guitarra no toque da caixa e bumbo, bem característico. Confira no link abaixo:


A próxima composição veio do guitarrista Luís Marinho. Um speed metal que tem uma espécie de ritual no meio da musica marcando a mudança de clima e entra no solo que no final resolve para a primeira parte da música. No link você pode conferir a musica que foi gravada na casa do Luis usando um DAW chamado N-track. Fizemos milagre para a época.


A próxima música foi pensada para o FECANI. Ouvi dizer que o festival não aceitaria heavy metal para concorrer, então foram feitas modificações na ideia. O Luis havia feito um esboço com inúmeros acordes. Lembro do quadro que era usado pra dar aulas repleto de notas. Era difícil pra mim. Bom, então fui pra casa para pensar nisso e levei anotado os acordes, campo harmônicos e etc.
O fato inusitado a respeito dessa música é que foi composta no banheiro, enquanto o processo digestivo finalizava seu trabalho. No meio de tanta informação comecei a dedilhar uns acordes numa seqüência simples. Simplicidade deve ser a inspiração, nada complicado,  e foi aí que surgiu as seqüências e ao mesmo tempo fui escrevendo a letra de acordo com a melodia que invadia a minha cabeça. Formei as primeiras frases, o refrão, e o Fabiano continuou e finalizou. Depois criei a linha de baixo, bem característica na musica e que dá o balanço da harmonia.
Ao chegar no estúdio mostrei a idéia pro Luis e a partir daí firmou-se a parceria na composição criativa da banda. No link a versão gravada na casa do Luis.



Então essas são as 3 primeiras músicas compostas por mim, Luis Marinho e Fabiano Martins.

Pra deixar claro: É óbvio que o restante da banda tem seus créditos por fazer o que tinha que fazer já que não havia contribuições diretas na musica. O Paulo, tecladista, tinha muita dificuldade em entender o que estava acontecendo. Eu acho que passava muito heavy melódico na cabeça e não conseguia seguir nós dois. Fora a questão de agilidade. As gravações feitas na casa do Luis demoraram mais com, pela ordem: 1. Paulo, 2. Fabiano. Enquanto que as guitarras e bateria foram feita em 2 semanas, teclado e voz levou 4. Tivemos que finalizar o mais rápido porque já tava irritante. Enfim, chamamos de pré-produção as gravações que fizemos por ser apenas de consulta. Algo para apontar detalhes e consertar.

Já o baterista era mais difícil pois ainda estava aprendendo a se inserir na música. O desafio maior foi em Queimada Floresta pois o desenho é muito suingado e sabia que seria difícil pro batera executar. Claro, pra quem já manja é moleza. Sansara foi outra dificuldade pois o bumbo faz o papel do tarol, no boi. Então foi um desafio e acredito que foi bom pra todos.