quinta-feira, 21 de maio de 2015

Um ponto da vista cega na música

Comparando o mundo artístico profissional com o mundo amador é possível notar que há uma lacuna gigantesca no que se refere a produção e vou me concentrar na produção musical, até porque produzo musica. Lembrando que não sou famoso, não tenho disco de ouro e nem sou rico.

Uma questão que tenho pensado bastante e que surge quando estou diante de uma situação musical é: como fazer diferente. É claro que tenho as minhas influencias, meus vícios e etc, mas como fazer algo que não soe peculiar a tal artista. – ah, parece Engenheiros do Hawai, cara? – Não sei porque mas temos a tendência a copiar algo já pronto.

No mundo profissional o comportamento das pessoas que atuam para fazer acontecer é metódico, cientifico, prático e tem o objetivo final de alcançar um resultado pré-determinado. Vemos um filme pronto e este é o resultado do que o diretor imaginou. Todas as partes envolvidas nesse processo são técnicos preparados para o trabalho. Recebem os objetivos e vão em busca para alcançá-los.

O mundo amador existe amor, até um certo ponto da questão. O amador faz por amor não na sua total intensidade. Ele não quer ter total compromisso com sua arte. Ele pode querer apenas fazer musicas, tocá-las, divulgá-las, etc, não com o pensamento em fazer sucesso ou ser sucesso. O sucesso é uma loteria. Então neste mundo amador não existe técnica, não existe, planejamento, não existe a checagem e muito menos um objetivo sólido. Existe a intuição que pode ser bem desenvolvida ou escondida nos confins da mente do ser humano. É claro que tem aqueles que deram sorte, seja com “peixada”, seja com material excelente. Mas existem casos e casos.

Na musica não é diferente. É preciso criar algo pra depois lapidá-lo com eficiência. Já vi muitas composições saírem da cabeça e ir direto pro gravador. Outras são paridas para olharmos com mais cautela e tomar uma atitude em relação aos pequenos pedaços que ficam pairando na duvida. Compor uma música no banheiro e ao dar a descarga pensar que já tem um disco é um erro terrível. Todas as criações precisam passar por um pente fino. Decidir como será executada a introdução, a respiração, solos, contra-argumento, pergunta e resposta se houver. Há uma infinidade de situações a rever até chegar à definição final.

Lembro-me de uma situação onde estava a produção do show de uma banda. A banda era o Guns n  Roses. A banda que me fez entrar no mundo do rock n roll, lá pelos 1992. Assistia muito os vídeos e tal. Vi o show da Inglaterra, do Japão, da França. Anos se passaram e comecei a ensaiar compor musica, mas não sabia como começar. Daí vasculhando a memória, comecei a sacar que esses shows eram parecidos. – “Hum, então, lembro do Slash ir pra esse tablado na hora do solo de November Rain”, pensei. Uma vez vi num vídeo uma passagem de som do guns sem o Axl. Novamente comecei a intuir que tudo aquilo é um teatro. Todos tem suas posições, sua hora de aparecer e desaparecer, todos tem o seu papel a cumprir. E pra isso a musica tem que ser composta para que isso ou aquilo aconteça. Pegue os bastidores da turnê do Iron, por exemplo. Veja como são feito as coisas. Tudo tem um porquê. Tudo tem medida, tem temperatura, especificações técnicas. Ta tudo anotado, salvo no pc, projetado, ou seja, burocratizado. Porquê? Por que se surgir um problema eles vão na origem da situação levantar em que ponto aconteceu o erro e partindo dessa premissa, corrigir. (Como é essencial estudar administração e suas ferramentas) e no final, depois de muito trabalho, dá tudo certo e todos relaxam.


Participei de um evento, há muitos anos atrás, e vi como a falta de preparação prejudica todo o evento. Atrasos, falta de equipamentos, pessoas, ferramentas. Falta de profissionalismo na condução do evento desde a sua concepção até o pós show (devolução de equipamento, palco, pagamento de pessoal, bebidas, etc...)
Na hora de tocar você se depara com a falta de ponto de energia o que fica inviável ligar seus equipamentos. A falta de espaço também é um obstáculo. Imagine você não poder se mexer, ou porque o palco é pequeno, ou por ter muitas coisas espalhadas pelo chão. Toquei num evento onde o único local para me instalar era em cima de uma poça. Fiquei “chocado”. Muito bem.



...continua....

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